Elza Carvalho - textos críticos

"Sinta o poder destas obras, fios e linhas que tecem uma vida, uma arquitetura pura de linhas duras ou não, de ângulos fortes e paralelas infinitas, dezenas de pontos de fuga, muitas janelas abertas estampadas e floridas iluminadas por todos os cantos e frestas.

Nesse tear de fios, linhas e vidas não há pontas soltas, todos revestidos de infinitos significados e que não faltam cores para bordá-las. Costuradas e pintadas a vontade, cheias de fios desejáveis, sonhos e de todas as manhãs de sua vida.

Somos sempre obras em andamento pelas linhas e pelas entre linhas que tecemos. Elza Carvalho mostra uma enorme colcha de vida de costuras firmes, de rebarbas cortadas e descartadas, e assim é a sua vida, uma jornada de talento artístico com o poder de seus olhos espirituais. "

James Robert Richard é artista visual, curador e diretor da ABAPC

"Quando os olhos não veem

Olhar, e realmente ver, são coisas distintas, assim como não ter a visão não significa não enxergar.

As máscaras da artista plástica Elza Carvalho impactam pela beleza da combinação criativa de formas e cores, mas é a ausência dos olhos que nos obriga a ver. Tampados ou vazados na escuridão, espelham nosso olhar cotidiano para o outro, para as coisas da visa.

Os olhos que não vêem não têm alma, não geram empatia ou afinidade, não revelam emoções, sensações, lembranças, não distinguem diferenças e sutilezas. É apenas convivência e tolerância com as sombras internas. É mudez escancarada na face.

Com maestria de quem domina o seu ofício, a artista nos revela que a verdadeira cegueira está por detrás das belas máscaras, no espírito de cada obra, individualizadas pela riqueza de detalhes, mas inexoravelmente inexpressivas."

Cyntia May Richard é jornalista, consultora de comunicação e produtora de podcasts. Texto escrito para a exposição individual da artista Elza Carvalho: Quando os olhos não veem.

"Diálogos no plano

A arte é uma espécie de espelho de sonhos. A mente pensa algo, e a mão executa da melhor maneira possível dentro das capacidades e limitações de cada um. Nesse diálogo entre o que se deseja fazer e o que efetivamente se atinge, há infinitas nuanças. Entre o desejo e a concretude, cada criador percorre a sua jornada.

A artista visual Elza Carvalho oferta uma obra marcada pelo lirismo. Suas poesias visuais, marcadas pela arte oriental, ganham espaço pela leveza e por uma linguagem caracterizada pelo extremo cuidado como cada composição é realizada, num processo em que se evidencia o respeito ao próprio processo do fazer.

Cada imagem é construída num caminhar que busca o extremo cuidado da realização. A grande questão colocada pela artista não está no virtuosismo técnico, mas na forma carinhosa e delicada com que atua sobre as formas de cada obra. Existe uma permanente atenção para que o fazer seja respeitado em seu tempo de execução e respiração.

Os trabalhos de Elza Carvalho surgem assim como seres vivos, plenos de autonomia. Após criados, ganham dimensões próprias. Pela Interpretação de cada observador, apontam para algumas respostas inusitadas pela maneira como diversos elementos dialogam no plano.

Surgem assim novas dimensões. E a arte segue seu imortal existir."

Oscar D'Ambrosio é mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura

"O trabalho de Elza se mostra encantador por sua capacidade de construir imagens carregadas de grande caráter poético, nos transportando para o interior de uma mente criadora onde se plasmam formas, cores, tramas e texturas, num embalo rítmico repleto de ressignificações que lhes são caras ao mesmo tempo em que nos presenteia com sua perspectiva que lhe é tão peculiar, deixando-nos com a tarefa de completarmos seus sentidos. Sua práxis artística, sua poética, envolve utilização de uma técnica mista envolvendo pintura e assemblagem de pequenos objetos, muitas vezes pequeninos botões, que nos remetem a memórias afetivas e tradições artesanais por vezes dormentes e esquecidas em uma sociedade tão ávida por novas tecnologias.

Elza abraça e acolhe para si, a imersão em um universo pleno de singeleza e de uma beleza que nos encanta por sua simplicidade que lhe é inerente, com gestuais gráficos que nos remetem ao universo do bordado, criando como se fossem alinhavos e bordados pictóricos que nos envolvem por sua beleza poética. O que é belo, poético, pode e deve encontrar-se nas sutilezas, não é necessário que seja invasivo, mas que, assim como o trabalho de Elza, nos convide a nos sensibilizarmos com a singeleza, com o detalhe, com a poesia que nos oferta."

Wemer Krapf é artista plástico, arte-educador e crítico de arte

"Elza Carvalho desenvolve seu trabalho de pesquisa em objetos, desenhos e suportes que se acomodem pictoricamente com a expressão e sentimentos no momento da criação. Em suas obras, vê-se uma preocupação com a forma e a poética, com muita sensibilidade e evocação de imagens de seu imaginário.

Sua representação é muito sutil e traduz-se em sobreposições veladas e reproduções gráficas sobrecarregadas de traços e linhas cuidadosamente elaboradas e plenas de significados e harmonia."

Cristina Bottallo, artista e organizadora da II Coletiva de Arte Sobre Papel

"Em suas obras Elza Carvalho, vê-se uma preocupação com a forma e a poética, com muita sensibilidade e evocação de imagens de seu imaginário. Sua representação é muito sutil e traduz-se em sobreposições veladas e reproduções gráficas sobrecarregadas de traços e linhas cuidadosamente elaboradas e plenas de significado."

Entrecores Espaço de Arte organizadora da exposição coletiva "Poéticas Cromáticas"

"Vida, Sonhos vividos, Desejos contidos, Muitos caminhos, Percorridos, Ilusões perdidas, Vida agora, Compreendida, Alma elevada, Frases mal faladas, Impensadas, Magoadas, Coração agora, por fim. Radiante, Mudei agora, Meu semblante, Levar a vida, Adiante."

Edmundo Cavalcanti, artista plástico e poeta. Poesia inspirada na obra de Elza Carvalho

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